Refém de Ronaldo, Corinthians festeja um fenômeno, ele voltou a treinar. Uau!

MAURO CEZAR PEREIRA

Paulo Vinicius Coelho informou em sua coluna dominical na Folha de S. Paulo que a comissão técnica do Corinthians disse a Ronaldo que ele precisaria trabalhar sério para jogar bem. E, fenomenal, o jogador ouviu e sequer tentou contra-argumentar, apenas acatou. E poderia ser diferente? Para muita gente soa natural. Há até quem comemore.

Para contar com Ronaldo o Corinthians faz das tripas coração e do uniforme um loteamento publicitário. Até logomarca de desodorante nas imediações dos sovacos os jogadores exibem. Em 2009 valeu a pena, pelo primeiro semestre, quando os alvinegros levantaram os títulos paulista e da Copa do Brasil. E com boas atuações dele.

Em 2010 não tem sido assim. Ronaldo parece em forma física e técnica inferior à exibida no mesmo período do ano passado, quando estava recém-recuperado de uma gravíssima lesão, o que tornaria mais aceitável uma demora na total recuperação atlética. A primeira fase da Libertadores foi facilitada por adversários frágeis, mas acabou.

Claro que um jogador acima da média como Ronaldo pode recuperar-se e ser decisivo a partir de agora, quando o torneio prioritário no ano do centenário entre em sua fase eliminatória. Pessoalmente acredito que, se estiver mesmo dando duro, o camisa 9 brilhará nos duelos contra o Flamengo. Mas treinar é trabalhar, ou seja, mera obrigação.

Por isso me causa espécie a reação dos que festejam o fato de Ronaldo aceitar o que lhe disseram, ou seja, o óbvio: ele precisa se dedicar. O clube lhe paga para isso e ninguém está fazendo favor algum. Quando representantes ou torcedores de uma agremiação do tamanho do Corinthians agem assim, parecem reféns de uma prima-dona.

Coisa de clube brasileiro, típico do profissionalismo dos trópicos. Não demora e Adriano resolve trocar a Chatuba por treinos mais fortes na Gávea e o pessoal do Flamengo também irá festejar.

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