A Frase

" O resultado fica para a história, o jogo bonito passa "

FELIPÃO
, Técnico da Seleção Brasileira, em entrevista coletiva, antes da grande final da Copa das Confederações, diante da Espanha, no Maracanã


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Futebol e Letras!

ANA CAROLINA SAKURÁ

Futebol e Letras!

O que os dois têm em comum?

Existem gamas de possibilidades para o trabalho com alunos do ensino fundamental dentro da interdisciplinaridade da língua Portuguesa e Educação física.

Como manter os pequenos craques em sala de aula com a professora de Português no momento da educação física?

Portanto, eis o esquema tático:


Apresentar o futebol com suas regras. Os alunos serão levados a produzirem textos e trabalharem a escrita, criando um esquema tático (montagem da equipe e ficha técnica).

Haja criatividade!

Sendo assim, todos em campo, onde os profissionais da educação física comandam.

No final do jogo, os times retornam a sala de aula e, para acalmar os ânimos, poderão optar por fazerem a resenha do jogo ou uma crônica.

E para inspirar os alunos, uma crônica de um dos seres mais apaixonantes da face da terra, por este, todo amante do futebol e das letras se derrete:

O inefável Armando Nogueira!


Pelada de Subúrbio
Armando Nogueira

Nova Iguaçu, quatro horas da tarde, sábado de sol. Dois times suam a alma numa pelada barulhenta; o campo em que correm os dois times abre-se como um clarão de barro vermelho cercado por uma ponte velha, um matagal e uma chácara silenciosa, de muros altos.

A bola, das brancas, é nova e rola como um presente a encher o grande vazio de vidas tão humildes que, formalmente divididas, na verdade, juntam-se para conquistar a liberdade na abstração de uma vitória.

Um chute errado manda a bola, pelos ares, lá nos limites da chácara, de onde é devolvida, sem demora, por um arremesso misterioso. Alguns minutos mais tarde, outra vez a bola foi cair nos terrenos da chácara, de onde voltou lançada com as duas mãos por um velhinho com jeito de caseiro.

Na terceira, a bola ficou por lá; ou melhor, veio mas, cinco minutos depois, embaixo do braço de um homem gordo, cabeludo, vestido numa calça de pijama e nu da cintura para cima. Era o dono da chácara.

A rapaziada, meio assustada, ficou na defensiva, olhando: ele entrou, foi andando para o centro do campo, pôs a bola no chão e, quando os dois times ameaçavam agradecer, com palmas e risos, o gesto do vizinho generoso, o homem tirou da cintura um revólver e disparou seis tiros na bola.

No campo, invadido pela sombra da morte, só ficou a bola, murcha.

Do livro "Os melhores da crônica brasileira", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1977, pág. 22.

http://www.releituras.com/anogueira_suburbio.asp
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