A Frase

" O resultado fica para a história, o jogo bonito passa "

FELIPÃO
, Técnico da Seleção Brasileira, em entrevista coletiva, antes da grande final da Copa das Confederações, diante da Espanha, no Maracanã


domingo, 20 de junho de 2010

JOGADA SUSPEITA

EDITORIAL DA FOLHA DE S.PAULO, DESTA SEXTA-FEIRA, 18 DE JUNHO

Veto ao Morumbi abre a perspectiva de despesas públicas com a construção de novo estádio, algo que São Paulo não pode aceitar

Em cartas enviadas à Folha, leitores sintetizam o sentimento que se disseminou pela cidade de São Paulo depois de anunciado o veto da Fifa à reforma do estádio do Morumbi, candidato a palco de abertura da Copa de 2014.

“Era exatamente isto o que todos (“eles”) queriam: farra com o dinheiro público”, opinou um missivista, apreensivo com a possibilidade de a conta do torneio ser paga pelo contribuinte.

Com uma nota de indignação, outro leitor propôs: “Os paulistas, especialmente os paulistanos, devem aproveitar a proibição do Morumbi e comunicar que São Paulo está fora da competição -e de sua despesa também”.

É impossível não ver na exclusão do estádio do São Paulo F. C. um golpe para desembaraçar a construção de uma nova arena. Ela surgiria em Pirituba, na zona norte da cidade, a um custo estimado em cerca de R$ 1 bilhão.

Especula-se que a arena multiuso poderia posteriormente ser transferida ao Corinthians, cujo presidente foi escolhido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para chefiar a delegação brasileira na África do Sul.

Em que pesem as declarações em contrário de autoridades municipais, estaduais e federais, são justificáveis os temores quanto ao uso de recursos públicos para o empreendimento -que parece atender a poderosos interesses.

Conforme relato da jornalista Renata Lo Prete, ontem, no “Painel”, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que enfrenta a oposição da cúpula do São Paulo, encontrou-se recentemente, em sua fazenda, com o prefeito paulistano Gilberto Kassab.

O alcaide, embora tenha defendido em público o Morumbi, parece ter agido nos bastidores em favor do novo estádio, parte de um complexo que também prevê um grande centro de convenções.

Torcedor são-paulino, Kassab declarou-se impedido de defender o veto, mas disse que se surgissem “meios técnicos” para fazê-lo, iria “em frente”.

Conhecido o peso da CBF na Fifa, os “meios técnicos” seriam fáceis de encenar, embora difíceis de convencer.

Ao banir o Morumbi, a entidade máxima do futebol não deixou dúvida sobre o caráter “político” de sua decisão.

Desde o início, aliás, demonstrou má vontade com o campo do São Paulo, um dos três estádios particulares previstos para o evento (restam agora a Arena da Baixada, em Curitiba, e o Beira-Rio, em Porto Alegre).

Flexível em outros casos, a Fifa, nas questões relativas ao Morumbi, assumiu atitude inusual em matéria de rigor e intransigência.

Repórteres que participam da cobertura da Copa na África do Sul testemunham que arenas com defeitos semelhantes passaram por reformas menos profundas do que as exigidas do estádio paulistano -e foram aprovadas.

Patrocinar a inauguração da Copa pode trazer benefícios à cidade de São Paulo, em especial na melhoria de sua infraestrutura urbana.

Mas gastar dinheiro público com uma nova arena é algo fora de questão.

Como sugeriu o leitor, se for esse o requisito, melhor declinar da honraria.
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