Polícia tenta combater violência nos estádios com o auxílio da internet

Brigas são marcadas em páginas de relacionamentos e grupos de discussão; desde 1988, foram registradas 42 mortes, afirma sociólogo

PERSIO PRESOTTO
Do Mídia sem Média

O torcedor comum, aquele que pretende ir acompanhado dos filhos ou da mulher para assistir a um jogo de futebol não tem ido mais com tanta frequência aos estádios. E o motivo é um só: a violência organizada por uniformizados, antes, durante e depois dos jogos.

De acordo com estudo realizado pelo sociólogo Maurício Murad, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 42 pessoas morreram, desde 1988, ano em que foi registrado o primeiro óbito por decorrência da violência nos estádios, em território nacional.

"Quando começamos a fazer o levantamento, o Brasil estava em terceiro lugar na comparação com outros países no número de óbitos. A ordem era Itália, Argentina e Brasil. Hoje, o Brasil conquistou o primeiro lugar. É uma conquista trágica, perversa", argumenta Murad.

Uma das ferramentas mais utilizadas para a promoção do encontro entre uniformizados rivais, sempre com base no estudo feito pelo sociólogo, é a internet, através das inúmeras páginas de relacionamentos e grupos de discussões.

Para tentar criar um meio de prevenção e acabar com essa guerra nos arredores dos estádios e no próprio local, a Polícia Militar do Estado de São Paulo criou um departamento especializado somente para monitorar essas páginas e fóruns, criados por torcedores organizados.

"Executamos atividades de monitoramento na internet e fora dela, direcionadas aos grupos de torcedores que ainda insistem em manchar o futebol brasileiro com atitudes violentas e desonestas", relata o Capitão Leandro, do 2º Batalhão de Polícia de Choque, que, em seguida conclui: "Os sites de torcidas e salas de bate-papo são alvos da seção de investigação, que tenta antecipar acontecimentos e proporcionar atuação preventiva".

Apesar do esforço dos policiais, nem todos os casos são evitados a tempo. A última ocorrência registrada foi antes do clássico entre São Paulo e Palmeiras, no mês de maio, pelo Campeonato Brasileiro, próxima à estação de trem do Itaim Paulista, na Zona Leste de São Paulo. Cerca de 160 torcedores foram detidos à época.

A iniciativa da PM tem apoio integral do Ministério Público, que, por intermédio do Promotor de Justiça, Paulo Castilho, afirma da necessidade de haver uma prevenção para que novos embates não sejam realizados.

"A polícia tem monitorado e conseguido evitar muitos casos. Este é um problema cultural, e o Estado tem que agir preventivamente", declara o Promotor.

O Google, responsável pela página de relacionamento Orkut, assinou em 2008 um acordo com o Ministério Público Federal do Estado de São Paulo, a fim de combater a divulgação e publicação de material ilícito.

Para preservar as informações dos usuários, foram criados dispositivos de moderação para que o próprio internauta, ao ter conhecimento de algo ilegal, faça a denúncia.

Para encerrar o assunto, Paulo Castilho, mesmo reconhecendo o trabalho da Polícia no trato do caso da violência nos estádios, fala que são necessárias medidas mais eficazes, para uma solução definitiva.

"A principal necessidade que temos é de um sistema de monitoramento perfeito para identificar as pessoas que cometem deslizes no estádio. A união das polícias e Ministério Público também é fundamental para identificar, punir e afastar esse elemento do estádio de futebol. Temos que nos preocupar com o ambiente do futebol porque essas atitudes trazem de volta as pessoas de bem para os estádios", comenta.

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